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Bornout: Quando a Mente Trabalha demais
O Bornout afeta muitas pessoas e pode ser evitada ou controlada
Thales Alexandre
12/1/20255 min read
Burnout é um esgotamento profundo ligado ao trabalho, reconhecido pela Organização Mundial da Saúde como um fenômeno ocupacional causado por estresse crônico não manejado. Não é “frescura” nem apenas cansaço: é um estado que impacta o corpo, a mente, os relacionamentos e a carreira – e que precisa de cuidado profissional estruturado, como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC).
O que é Burnout
O CID-11 descreve o Burnout como uma síndrome resultante de estresse crônico no trabalho que não foi gerenciado com sucesso, com três dimensões centrais: exaustão intensa, distanciamento/cinismo em relação ao trabalho e sensação de baixa eficácia profissional. Importante: o Burnout é específico do contexto laboral e, antes de diagnosticá-lo, é necessário descartar transtornos de ansiedade, depressão e outras condições médicas.
Na prática, a pessoa com Burnout costuma se sentir drenada, sem energia para tarefas simples, irritada ou cínica em relação ao trabalho, e com a sensação constante de “não dar conta” ou de que nada do que faz é bom o suficiente. Esse quadro vai além de um período estressante: é um padrão persistente de desgaste que não melhora apenas com “férias” ou “boa vontade”.
O tamanho do problema (em números)
Estudos internacionais com profissionais de saúde, educação e outros setores mostram prevalências de Burnout ou alto risco variando, em diferentes amostras, de cerca de 20% a mais de 60%, dependendo da profissão, carga horária e contexto. Revisões com médicos e profissionais de saúde durante e após a pandemia apontam prevalências médias de Burnout e esgotamento em torno de 30–40% em muitos cenários, indicando um problema de saúde pública relevante.
Um estudo com trabalhadores de saúde pública, por exemplo, encontrou prevalência de Burnout acima de 50%, associando o quadro a longas jornadas, alta demanda e falta de recursos. Pesquisas com professores também mostram níveis elevados de exaustão emocional, chegando a quase 77% com exaustão significativa em uma amostra de educadores, reforçando que o risco não se limita à área da saúde.
Sinais de alerta no dia a dia
Embora um diagnóstico dependa de avaliação profissional, alguns sinais frequentes de Burnout incluem:
Exaustão constante: sensação de cansaço extremo, física e mental, que não passa mesmo após fins de semana ou folgas.
Queda de motivação: perda de interesse pelo trabalho, dificuldade para começar tarefas, procrastinação intensa.
Cinismo e distanciamento: irritação ou descrença em relação a colegas, pacientes, alunos ou clientes; sensação de estar “no automático”.
Sensação de ineficácia: percepção de que nada do que faz é suficientemente bom; queda na autoconfiança profissional.
Sintomas físicos e emocionais: insônia, dores de cabeça, tensão muscular, palpitações, alterações de apetite, irritabilidade, tristeza, choro fácil.
Quando esses sinais se prolongam por semanas ou meses e começam a afetar desempenho, relacionamentos e saúde, é um forte indicativo de que algo precisa mudar – e rapidamente.
Fatores de risco comuns
Burnout surge da combinação entre demandas do trabalho, contexto organizacional e características individuais.
Organizações e contexto: jornadas longas, plantões frequentes, alta demanda com poucos recursos, falta de apoio da chefia, conflitos de equipe, metas irreais e ambientes violentos ou imprevisíveis aumentam muito o risco.
Papel profissional: profissionais de saúde, professores e trabalhadores da linha de frente em crises (como a Covid-19) têm índices particularmente elevados de Burnout.
Fatores pessoais: perfeccionismo rígido, dificuldade de dizer “não”, alta autocrítica, pouca rede de apoio e sono insuficiente aparecem associados a maior vulnerabilidade em várias pesquisas.
Há também evidências de que uso problemático de álcool, problemas de sono e baixo suporte social aumentam significativamente as chances de Burnout, reforçando a importância de um cuidado global, e não apenas focado no trabalho.
Burnout, depressão e ansiedade: qual a diferença
Embora compartilhem sintomas (como cansaço, desânimo e irritabilidade), Burnout é conceituado como um fenômeno ocupacional, ligado especificamente ao contexto de trabalho, enquanto depressão e transtornos de ansiedade são diagnósticos psiquiátricos que se estendem a múltiplas áreas da vida. Ainda assim, estudos mostram forte sobreposição: pessoas com Burnout têm maior risco de desenvolver depressão, transtornos de ansiedade, abuso de substâncias e problemas físicos.
Por isso é tão importante passar por avaliação clínica cuidadosa, para diferenciar as condições e construir um plano de tratamento que contemple tanto o sofrimento psíquico quanto o contexto ocupacional.
Como a Terapia Cognitivo-Comportamental pode ajudar
A TCC é uma abordagem com boa base científica para o manejo de estresse relacionado ao trabalho, esgotamento e retorno às atividades em pessoas afastadas. Em estudos com trabalhadores com transtornos mentais comuns e estresse ocupacional, intervenções de TCC focadas em contexto de trabalho mostraram-se mais eficazes do que o cuidado usual para manter ou retomar a participação no trabalho.
Na prática, um processo de TCC voltado para Burnout pode incluir:
Mapeamento de pensamentos automáticos: identificar padrões como “eu nunca posso errar”, “se eu dizer não, vou ser demitido”, “tenho que dar conta de tudo sozinho”, e aprender a questioná-los e substituí-los por crenças mais realistas e saudáveis.
Treino de habilidades de enfrentamento: técnicas de relaxamento, respiração, manejo de preocupações, organização de rotina, comunicação assertiva e negociação de limites.
Foco no trabalho: análise das situações mais estressoras, desenvolvimento de estratégias graduais de enfrentamento, planos de retorno ou de reorganização de tarefas, quando necessário.
Programas de TCC em grupo ou individuais, muitas vezes combinados com suporte ocupacional, reduzem escores de Burnout e ajudam na recuperação da capacidade de trabalho.
Outras estratégias de cuidado
Embora a psicoterapia seja um pilar, mudanças em estilo de vida e no ambiente de trabalho são fundamentais para consolidar a melhora.
Sono e descanso: regular horários, criar rituais de desligamento digital à noite, priorizar pausas reais durante o dia e microintervalos entre tarefas ajudam a reduzir a sobrecarga do sistema nervoso.
Atividade física e alimentação: exercício regular e alimentação equilibrada favorecem a resiliência ao estresse e reduzem risco de adoecimento mental.
Apoio social: compartilhar dificuldades com pessoas de confiança e, quando possível, com a equipe ou liderança, reduz o isolamento e pode facilitar ajustes de demanda e funções.
Ajustes organizacionais: sempre que viável, rever metas, redistribuir tarefas, negociar carga horária ou formatos de trabalho é parte essencial de um plano de recuperação sustentável.
Em alguns casos, pode ser necessária avaliação médica para considerar afastamento temporário, uso de medicação ou investigação de condições físicas associadas.
Quando é hora de buscar ajuda (e por que marcar uma consulta agora)
Alguns sinais mostram que é o momento de procurar avaliação psicológica especializada:
Você acorda exausto quase todos os dias, sente que “não aguenta mais” e, mesmo assim, continua se forçando além do limite.
O trabalho, que antes fazia sentido, hoje parece insuportável ou totalmente sem propósito.
Seu humor, sono, saúde física ou relacionamentos estão claramente piorando por causa do trabalho.
Você pensa com frequência em “sumir”, em largar tudo impulsivamente ou em que não tem mais saída.
Nessas situações, tentar “empurrar com a barriga” tende a aprofundar o quadro e tornar mais difícil a recuperação. Um acompanhamento estruturado em TCC ajuda a colocar em palavras o que está acontecendo, organizar prioridades, reconstruir limites, trabalhar crenças de autocobrança e perfeccionismo, e desenhar um plano concreto de mudança para o seu caso, não um manual genérico.
Se você se reconheceu neste texto, agendar uma consulta é um passo para retomar o controle da sua vida profissional e pessoal, antes que o esgotamento se transforme em algo ainda mais grave. Uma avaliação individual permite entender a fundo seu nível de Burnout, diferenciar o que é cansaço, estresse, depressão ou ansiedade e construir, juntos, um plano terapêutico baseado em evidências para que você possa trabalhar e viver com mais saúde.